No Comment
Teatro La Pupa (Espanha)
Direçao: José María Roca, Gema López
(1995)
La Pupa
Nos anos noventa, a televisão espanhola tinha um quadro de noticias, geralmente com imagens fortes dos telejornais mas sem áudio, só com o texto: "No Comment" (sem comentario). Como esta premissa, a companhia sevilhana Teatro La Pupa (em linguagem infantil, pupa significa 'dodói', 'machucadinho') apresenta este espetáculo de esquetes e cenas curtas, sem textos, que se apresentou em agosto de 1995 no Teatro Marília de Belo Horizonte, em um evento especial do FIT-BH, e também no Festival de Inverno da UFMG, em Ouro Preto. A companhía foi uma das mais inovadoras no panorama do chamado teatro alternativo e independente espanhol, surgido a mediados dos anos 80, numa pós-movida madrilenha e com a abertura de diversos teatros privados, como a Sala La Imperdible de Sevilha, sede da companhia. Neste espaço se juntavam criadores de diversos campos: teatro, dança, música, artes plásticas, designers... Tempos efervecentes e criativos da pós ditadura espanhola
No Comment:
Que comentário se poderia fazer de um espetáculo que se chama assim? Não seria cair em contradição desde um primeiro momento, inclusive antes de criá-lo? A companhia Teatro La Pupa se identifica como filha legítima da contradição, e prisioneiros dela. São tantos os acontecimentos que passam ao nosso redor que näo tem possíveis comentários, e que estão influindo na nossa vida e nosso mundo... Entrar no túnel da imagem com um compromisso pessoal e artístico, com tantas e tantas coisas que aparentemente nos caem de longe, mas que vão ocupando cada vez mais a nossa mente. Experimentar a possibilidade de misturar sua própria forma de entender a vida com a "pseudorealidade" que dia a dia nos faz prisioneiros da própria imagem... e sobretudo, colocar-se, decantar-se, tomar partido, delatar, acusar, resgatar e rir. Comportamentos que foram característicos dos que queríamos fazer arte e que hoje, dada a voragem deste final de século brilham por sua ausência. La Pupa, uma vez mais, pretende contar o que se vê, e algo mais que não se vê, mas que com certeza ficará flutuando no subconsciente.
As fotografias deste espetáculo foram feitas em filme e digitalizadas no âmbito do projeto "O teatro em BH no final do Século XX - digitalização do acervo de Guto Muniz". Projeto nº 0821/2020
Este projeto foi realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.
Elenco e criaçao coletiva:
Fernando Lima, Belén Lario, Gema López, Pepa MurielProjeçao de imagens ao vivo:
Ro SánchezCoreografia:
Fernando LimaDireçao:
José María Roca, Gema López